Sentindo de perto o mistério de Machu Picchu, a Velha Montanha (em quéchua)
Senti o chamado de minha alma e fiquei 30 dias em Águas Calientes, ou Machupicchu Pueblo, povoado que acolhe normalmente por uma ou duas noites os muitos turistas ávidos por conhecerem as inacreditáveis ruínas de um povo mais inacreditável ainda, os incas. Ruínas que ficam nos penhascos a meia hora dali, de ônibus.
Águas Calientes recebeu seu nome do rio de águas transparentes que desce suas montanhas.É um pequeno povoado que se chega por trem e que não tem carros, apenas os ônibus que transportam os turistas para a Velha Montanha (Machupicchu, em quéchua).
Um povo sorridente, trabalhador, amoroso, que se acostumou a viver em função do turismo. Turistas de todas as partes do mundo chegam e vão, e se encontram na Praça das Armas, onde se encontra a escultura de um inca olhando para o Sudoeste. Todos se cumprimentam, um sinal de que o mesmo destino os iguala. Todos buscam as energias renovadoras e únicas de Machupicchu.
Machupicchu se ergue majestosa em meio às Cordilheiras dos Andes. Ruínas de um passado intrigante nos desafia.
Uma cidade no alto de uma montanha tão bem construída que ainda hoje preserva suas fontes com água corrente e construções de pedra em perfeito estado de conservação.
“Machupicchu está localizado e ordenado em alinhamento com os cumes das montanhas circundantes, assim como as constelações cósmicas. Sua localização permite que seja uma cidade com grande recepção de luz solar durante todo o dia. As características geográficas da área: as montanhas, o rio, o acesso à água e a disposição do material de construção foram determinantes para os incas escolherem esse lugar.” Museo de sitio Manuel Chavez Ballon, Águas Calientes.
Por mais que se arquitetem teorias para explicar, tudo é muito pouco diante dos mistérios de uma vida essencialmente espiritual. Machupicchu é um santuário, uma cidade sagrada ainda incompreensível para nossos atuais padrões de civilização.
Apesar de seu descobrimento recente (100 anos), sua importância mística é palpável, assim como sua capacidade em se manter pura diante da proteção que recebe das montanhas (Apus) e das águas que a circundam.
Como não entender que os incas sabiam que dependíamos da Natureza e, portanto, ao reverenciar ao Sol, maestro da orquestra da Natureza, estavam ao mesmo tempo reverenciando ao Criador?
Revelamos nossa imaturidade ao decodificar antigas civilizações com inegáveis mistérios e deduzir a partir de nosso ponto de vista, sem levar em conta a relatividade do tempo e do espaço. O Sol traz luz e é a luz quem nos permite ver. Os povos antigos sempre associaram o Sol à criatura que mais se parece com Seu Criador.
Nesses dias, reencontrei o meu ritmo. Em Machupicchu, pude ter esse contato profundo comigo mesma e também observar seu dia a dia, percebendo o que geralmente escapa em nossas viagens turísticas.
Há algum tempo que eu sentia necessidade de fazer uma revisão de vida e de meu caminho até aqui, na busca de pontos de união entre as diferentes filosofias de vida.
Na verdade, essa foi a terceira vez que estive lá. Só que desta vez fiquei quase um mês e sozinha, me colocando em uma posição muito favorável para minhas pesquisas.
Da primeira vez, em 1999, sua forte energia me fez refletir na mecânica celeste e seus efeitos sobre nós e nossas casas. Entre outras coisas, na percepção clara que os hemisférios da Terra são complementares.
E assim nasceu o Feng Shui Lógico.
Desta vez, muito mais me esperava… Descobri que a cosmovisão inca tem profundas conexões com a filosofia oriental, o feng shui lógico e o amor cristão.
Quais eram as suas expectativas em relação ao lugar, às pessoas… tudo?
Minha maior curiosidade era entender a cosmovisão inca com seus três mundos: serpente, puma e condor.
A importância da Constelação do Cruzeiro do Sul, que está esculpida no templo das três ventanas é evidente para eles, junto com a luz solar, e os solstícios e equinócios. Tudo isso encontra ressonância em minhas teorias e práticas para atingir a harmonia pessoal e ambiental através do Feng Shui Lógico.
Também queria compreender como uma civilização como essa perdeu seu poder e sua força. E qual o tipo de cultura que se encontra hoje.
Como foi a primeira vez que decidi viajar sozinha, a expectativa também era poder mergulhar em seu dia-a-dia, percebendo as influências incas no povo que hoje vive lá.
Quais a lições, descobertas que você trouxe com você?
Ausência de preconceito é fundamental para abstrairmos as vibrações desses tempos idos. Partindo dessa premissa, encontrei as associações que eu buscava entre a filosofia oriental, o cristianismo e os incas.
Outra descoberta cultural é a existência dos princípios incas, que ainda são presentes nos povos que habitam as cordilheiras andinas, cujo símbolo maior é a cruz andina ou chakana. Não mentir, não roubar,não ser ocioso, e, aprender, trabalhar e ter amor são os princípios incas que estão nos corações desse povo amigável. Como o povo de hoje diz, a cultura inca ainda vive. Sente-se fortemente o orgulho que sentem de seu passado.
Um cristianismo que se mesclou com a cultura inca, onde Jesus está associado também ao sol, criatura tão louvada pelos incas, fez surgir uma saudável e sincera manifestação religiosa.
É visível a amorosidade do povo que vive lá. Também, nesse povoado constatei a segurança, o cuidado com suas crianças (suas escolas são os locais mais bem localizados e conservados) e com os animais.
Em Águas Calientes, se o proprietário de uma loja precisa sair, simplesmente atravessa um pedaço de madeira e pasme: ninguém entra. Quer dizer, ninguém rouba. Acredito que seja uma característica apenas dos povoados que estão localizados nas cordilheiras, mas fiz fotos dessa realidade, para comprovar.

A porta “bloqueada” significa que o dono não está. Com este sinal, ninguém entra.

A porta “bloqueada” significa que o dono não está. Com este sinal, ninguém entra.
Fiz muitas amizades com as pessoas de lá, o que deu uma visão dos muitos problemas que enfrentam para evoluir como sociedade.
Houve alguma surpresa, algo muito novo por lá que você não imaginava encontrar?
Todas as manhãs, ao tomar meu café, um tangará lindo, de cabeça azul, corpo negro e com asas com pontas de cor verde-clara cantava e batia suas asas no vidro da janela, como que querendo entrar. Parecia que vinha me dizer bom dia…
Também nunca pude imaginar que iria dar uma palestra sobre Feng Shui Lógico na Educação no Centro Cultural de Machupicchu…
Nos primeiros dias senti vontade de falar sobre o Feng Shui Lógico na Educação, com o intuito de compartilhar essa sabedoria que absorvi em sua terra. E ao procurar o responsável pelo Centro Cultural fui muito bem recebida e pude falar sobre esse tema com os professores da região.
Foi uma grande alegria perceber que para eles o manejo da bússola e as vibrações dos ventos das quatro direções era algo familiar. Gostaram muito.
Fui convidada também para falar sobre o tema em Cusco, mas infelizmente minha agenda não permitiu.
Mas houve muitos encontros inesperados com turistas de várias nacionalidades, conversas sobre temas profundos durante as caminhadas diárias que fiz que precisaríamos de muito espaço e tempo para contar… A magia da vida é pulsante nesse lugar tão incrível.
O que a viagem acrescentou na Stela como pessoa?
A paisagem é no mínimo impressionante. E as montanhas emanam força, poder e proteção.
Nossos chakras se realinham naturalmente ao contemplar um por-do-sol ou ao olharmos mais longamente para os cumes das montanhas.
Andar pelos caminhos incas nos transporta para épocas onde viver era algo muito ritualizado, com saudação ao sol, com as purificações nas muitas fontes, com suas túnicas confortáveis em um lugar escolhido a dedo por suas características de beleza, fartura e clima tão aprazíveis. As lhamas completam esse cenário e é inevitável vibrar com toda essa configuração.
Ultimamente, estava sentindo a falta de tempo em minha vida.
Lá, todos os dias eu caminhava muito. Meu hotel ficava quase no topo do povoado , às margens do vibrante rio Águas Calientes, cheio de pedras dos mais variados tamanhos e formas. O som de suas águas límpidas descendo a montanha enche o ar do povoado com seu murmúrio e assim nos faz meditar sem esforço. Passarinhos soltam seus trinados delicados e nossa mente naturalmente os escuta deliciada. Lá, percebemos que temos todo o tempo… Como dizem os turistas, o tempo não passa… Na verdade, passa no seu tempo.
O que existe de único em Machu Picchu?
A beleza única de Machu Picchu alimenta nossa sede de alturas espirituais, literalmente. E podemos entender a simbologia da liberdade do Condor e da Águia, aves que habitam essas altitudes.
Absorver esse passado, patrimônio de nossa humanidade, e correlacioná-lo com a evolução sentida desde então, corrigindo o que atrasou nossa emancipação, pode ser o começo de uma vida planejada, voltada para a real evolução de nossa espécie.
E se estivermos serenos, podemos entrar em harmonia com toda essa beleza e entrar em novos patamares de compreensão da vida, mais harmônicos e felizes.
Stela Vecchi
A história do Feng Shui Lógico: como nasceu a adaptação do Ba-guá para o Hemisfério Sul?
Download grátis – Leia O Caminho da Sabedoria, de Stela Vecchi
INSCREVA-SE em nosso canal no YOUTUBE e receba vídeos atualizados com dicas e orientações:
Inscreva-se Canal Youtube/Feng Shui Lógico
As melhores energias vêm do amor pela Vida, pelo nosso planeta, pelo nosso solo, pela nossa gente e por nós mesmos. Tudo o mais é consequência disso.
Livro Feng Shui Lógico, Stela Vecchi, Ícone Editora, 2004 – Compre aqui:
A história do Feng Shui Lógico: como nasceu a adaptação do Ba-guá para o Hemisfério Sul?
Loja Feng Shui Lógico
Confira o Programa do Curso Básico em nosso Website:
Programa Curso Básico de Feng Shui Lógico
Participe dos cursos ministrados por Stela Vecchi:
Feng Shui Lógico: Curso Básico, Avançado e Profissionalizante
Nos cursos de Feng Shui Lógico você recebe informações que serão úteis para toda sua vida!
Visite também o site: www.fengshuilogico.com