O casamento válido é aquele onde os parceiros tornaram-se um: produziu-se um amálgama.
Amálgama podemos definir nesse sentido como a fusão perfeita de coisas ou pessoas distintas que forma um todo indissolúvel. Harmônico.
Mais da metade dos casamentos celebrados na Igreja hoje são inválidos, porque falta a consciência de um ou dos dois do peso do compromisso assumido.
Reforma do Papa Francisco permitirá anular casamento em 45 dias.
O motivo que o fez tomar a decisão de facilitar o processo de anulação quando há consenso entre o casal é “a salvação das almas”.
O casamento é a célula mater da sociedade.
A base do casamento deve ser o amor.
Mas será que usamos essa palavra, Amor, de forma a exprimir o que ela realmente significa?
Amor, em sua essência, significa a melhor coisa que existe, algo muito bom.
O mal não sobrevive nessa energia maravilhosa.
A sinceridade e o respeito às diferenças são as bases desse sentimento.
O amor eterniza todos os momentos vividos nele e por ele.
É curioso ver pessoas que se massacram, se criticam mutuamente em pensamentos e até palavras dizerem que se amam, que não podem viver uma sem a outra…
Isso tem outro nome, talvez dependência, talvez baixa auto-estima, mas nunca AMOR.
Em meio a criticas constantes, e até destrutivas, essa pessoa que diz que ama não ajuda a outra a ser cada vez melhor. Pelo contrário, tira sua paz, cria dificuldades para a sua auto-estima, tão necessárias para ela se amar e assim poder amar também.
Quando amamos, o sentimento que emanamos é tão poderoso que desfaz com sua força toda a escuridão dos que não sabem amar, ou usam essa palavra de forma vazia.
O tempo para isso acontecer depende da escuridão que queremos iluminar…
É muito difícil ser feliz tendo que lidar continuamente com situações abusivas que geram dor. Cristo fala em matrimônio inválido. Penso que precisamos entender mais sobre o que ele quis dizer sobre isso. Encontrei um livreto chamado Quando é possível decretar a Nulidade de um Matrimônio – Edson Luiz Sampel – Paulus – São Paulo – 1998 que merece ser consultado amplamente:
…Com efeito, infelizmente, há uma quantidade enorme de casamentos nulos, oriundos da imaturidade dos nubentes, que se unem sem estar preparados para assumir as graves responsabilidades do matrimônio cristão…
E continua: Como advogado, atuei em causas nas quais o matrimônio havia sido celebrado 20, 30 anos atrás… Não importa; se há mácula in radice ( na raiz), vale dizer, quando da celebração do matrimônio-ato, a Justiça Canônica é competente para decretar a nulidade.
Esse outro trecho do Pe. Dr. José Pegoraro, citado neste mesmo livreto também é esclarecedor: A Igreja, em sua doutrina milenar, sempre se declarou incompetente em dissolver o vínculo que nasce do sacramento do matrimônio validado celebrado e consumado, assim como declara incompetente qualquer outra autoridade. O caminho que ela percorre é diferente. Ela aprofunda uma compreensão cada vez maior das exigências e das condições necessárias para assumir este projeto de vida de forma definitiva, ampliando a possibilidade de declaração de nulidade do matrimônio celebrado. Muitos casamentos, que aparentemente parecem válidos, são passíveis de sentença de nulidade, pois sua realidade interior não está suficientemente constituída.
Esse tema é muito importante para a harmonia social, que acho importante finalizar com essa frase do citado livreto – pequeno no tamanho e tão grande em importância:
Ao contrário do que costumam afirmar por aí, o Direito Canônico continua muito vivo, e considerando-se que a maioria dos conterrâneos são católicos, suas leis, máxime o Codex Iuris Canonici, exercem profunda influência social e deveriam suscitar o interesse e estudo dos juristas brasileiros.
Concordo, esse assunto é delicado… A Folha de S.Paulo de 18/03/2007 tratou amplamente deste assunto. Há tantas circunstâncias e variáveis, cada caso é um caso, realmente é muito complexo… Exige que juristas comprometidos com a verdade estudem cuidadosamente, para que a sociedade como um todo se beneficie do fruto de seus estudos, gerando respostas coerentes e atualizadas sobre questões que interferem diretamente no tecido social. Esse assunto é causa de muita angústia para os católicos, que merecem das autoridades católicas ampla informação sobre o matrimônio inválido citado por Cristo.
Refletindo, penso que cheguei a alguns parâmetros importantes:
— O trabalho maior da vida de cada um é conquistar e manter as boas energias dentro de si, e encontrar o difícil equilíbrio no amor, que é o exercício da confiança e do desapego, ao mesmo tempo.
O ação do Amor para mim se compara com a vida de uma árvore, que acolhe aos que a procuram, dando sua sombra, não se queixa se a ferem, e cria flores ou frutos cujo prazer é criá-los, não comê-los. E os cria silenciosamente e ainda purificando ao ar. Que fábrica de alimentos perfeita! E se ninguém faz conta de seus frutos não se vinga, e os cria novamente na próxima estação. Porém, cuida de si mesma enraizando-se profundamente na terra e retira do solo os nutrientes que precisa, confiando na luz solar e nas chuvas que a alimentam. Através de suas sementes, a árvore é o símbolo da ressurreição da vida: ela vive eternamente em suas sementes germinadas. Mergulha as raízes na terra e estende seus galhos para o céu e abriga vidas rasteiras e as aves do céu: que integração entre os dois elementos, céu e terra! Por isso a árvore é considerada como símbolo das relações harmoniosas que se estabelecem entre a terra e o céu.
Quanta afinidade entre a árvore e o verdadeiro sentido da palavra perdida, amor!
Podemos ver e perceber muitas coisas através de uma árvore. E assim é com cada ser vivente que olhamos com mais atenção. Os seres nos ensinam silenciosamente a amar e a nos amar.
Os místicos enxergam através do amor divino e também conseguem trazer a integração entre nós e a natureza. Vêem a simplicidade da vida.Que profundidade guarda esta frase de Santo Agostinho. Parece simples,mas só quem ama na acepção verdadeira da palavra, poderá fazer coisas que gerem sempre uma energia muito positiva. Ele disse: Ama e faz o que quiser.
E o I Ching – o Livro das Mutações, em sua sabedoria, nos ensina que para encontrar nosso lugar na infinidade de seres tanto é necessário separar quanto unir.
E encontrar nosso lugar significa nos sentir em casa, confortáveis dentro de si mesmos.
Porque praticar o Amor sabedoria exige de nós muita lucidez e discernimento.
Que o Amor seja o calor de sua vida e que crie em você a paixão do desejo nobre, o fervor da alegria, o fogo do idealismo e da confiança irrestrita na vida.
Todo o Universo estará aberto para as pesquisas de sua alma quando o amor sabedoria for o archote que ilumina o seu caminho.
Stela Vecchi
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Amor, a única religião possível
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